Ontem quarta-feira, dia 4, a Marinha do Brasil (MB) celebrou um marco importante no desenvolvimento do Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear (SCPN) durante a Cerimônia do Corte da Primeira Chapa da Seção de Qualificação, realizada no Complexo Naval de Itaguaí (CNI). Este evento, organizado pela Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), representa um passo significativo no processo de construção do SCPN.
A cerimônia, presidida pelo Almirante de Esquadra Petronio Augusto Siqueira de Aguiar, Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, contou com a presença dos Almirantes de Esquadra Flávio Augusto Viana Rocha e Alexandre Rabello de Faria, marcando o início da fabricação da estrutura que compõe a chamada Seção de Qualificação. Autoridades civis e militares, bem como representantes dos setores nuclear, acadêmico e empresarial, estiveram presentes no evento.
O Contra-Almirante (EN) Marcio Ximenes Virgínio da Silva, Gerente do Empreendimento Modular de Obtenção de Submarinos, explicou que, embora a Seção de Qualificação não faça parte do submarino final, é fundamental para homologar o processo construtivo e, consequentemente, certificar o Estaleiro para a construção naval. “O primeiro corte das chapas, que resultará na fabricação das almas – componentes que formarão uma série de cavidades a serem unidas às chapas – comporá as subseções e, finalmente, a Seção de Qualificação. O processo de homologação envolve atividades para além das relacionadas diretamente às operações principais, incluindo a movimentação entre estações de trabalho e a análise das complexidades inerentes aos processos, dada a magnitude desta seção, com cerca de cem toneladas. A Seção de Qualificação permitirá avaliar a capacidade única, no hemisfério sul, de construir um Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear. Assim, este momento representa o início da qualificação do estaleiro com o processo construtivo a ser homologado, possibilitando, futuramente, o início da construção do submarino,” afirmou o Contra-Almirante (EN) Ximenes.
O SCPN é o objetivo principal do Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha do Brasil, sendo o programa estratégico mais ambicioso, capacitando o país a projetar e construir submarinos convencionais e nucleares. Isso é alcançado por meio da transferência de tecnologia, nacionalização de equipamentos e sistemas, bem como treinamento de pessoal. Além disso, o programa contribui significativamente para a criação de empregos, envolvendo atualmente cerca de 1.500 trabalhadores, entre militares e civis. O programa tem potencial para gerar até 24 mil empregos diretos e 40 mil indiretos.
Durante o evento, Renaud Poyet, presidente da Itaguaí Construções Navais (ICN), expressou sua satisfação em fazer parte deste momento. “O Brasil está avançando para elevar sua tecnologia ao nível de países como França, Estados Unidos, China, Inglaterra e Rússia. Com a Marinha do Brasil liderando a construção deste moderno submarino, teremos as condições necessárias para proteger nosso extenso litoral,” afirmou o presidente Poyet.
O Almirante de Esquadra Petronio Augusto Siqueira de Aguiar, Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, junto com o presidente da ICN e o Coordenador-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarinos com Propulsão Nuclear, Vice-Almirante (Engenheiro Naval da Reserva) Sydney dos Santos Neves, acionou o dispositivo de corte, marcando o início da nova fase de construção.
O Almirante Petronio ressaltou o salto tecnológico extraordinário que o programa representa para o Brasil, contribuindo substancialmente para que o setor de defesa atinja um patamar estratégico relevante em prol dos interesses nacionais. “Estamos navegando, com segurança, em direção à realização de um sonho, o Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear, uma aspiração legítima de um país que busca garantir sua soberania, proteger seus recursos e seu povo,” declarou.
A soldadora Danusa Morais compartilhou seu orgulho por fazer parte do PROSUB. “Recebemos treinamento aqui no CNI, pois a soldagem que será utilizada no SCPN requer qualificações específicas e alta qualidade.”
Segundo a Dra. Inayá Corrêa Barbosa Lima, professora do curso de Engenharia Nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PEN/COPPE/UFRJ), a participação de universidades e institutos de pesquisa nas atividades do PROSUB assegura a disseminação do conhecimento do setor nuclear no Brasil, evitando a fuga de talentos e contribuindo para o desenvolvimento nacional.
Esta inauguração marca um passo significativo no caminho do Brasil em direção à construção de um submarino com propulsão nuclear, consolidando sua posição como um player estratégico no campo da defesa naval.
Fonte: Agência Marinha de Notícias – Acesse: https://www.marinha.mil.br/agenciadenoticias/